terça-feira, 14 de setembro de 2010

O texto que eu escrevi no meu blog com a Paula há um tempão atrás:

"Errei pela primeira vez quando me pediu a palavra amor, e eu neguei. Mentindo e blefando no jogo de não conceder poderes excessivos, quando o único jogo acertado seria não jogar: neguei e errei. Todo atento para não errar, errava cada vez mais."

O que vejo aflorar agora ainda não pude explicar. Se um dia o farei não me atrevo a dizer assim como quem finge domar sentimentos que não lhe pertencem - eu não, por não serem meus e nem ao menos seus.
Eu os escolhi e se agora me atormentam não poderia tentar domá-los. Tentativa ilusória e infantil a que vos falo.
Deixarei que transponham meus limites e se mostrem em cada gesto - o coração esmagado no peito salta aos olhos, tira os sentidos das mãos.
E que vai doer eu sei e não corro. Correria por cada estrada em mim construída junto aos passos que dei contigo. Correria destruindo-a e jogando os cacos sobre você. Não haveria mais chuva ou sol em nossa estrada. E ela não seria mais de ninguém.
Não o farei.
Estarei decidida e coberta de certezas pelo que nem sei.
Estarei aqui e ela não mais estará.
À nossa estrada, apenas e na verdade, novos passos.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

É uma falta que não acaba nunca, eu sei, parece clichê, mas é assim que as coisas são. Tem doído bastante não sentir aqueles gostos, aquele calor, não ouvir aquelas vozes e poder sorrir daquela forma - a vida mudou e tem sido difícil me reiventar. O tempo me tirou a mágia e ainda não pude encontrar nada com o que preencher tantos vazios. Cada espaço que encontro, novo, a cada dia, grita e dói como se precisasse, logo, estar completo. Eu busco a cada manhã, a cada noite, a cada copo, cigarro, sonho, mentira, completar esses vazios com qualquer coisa que possa calá-los. Qualquer presença que possa, ao menos, disfarçar o quanto doem.
O que sei, hoje, é que sempre voltam a doer.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Você passa tanto tanto tempo construindo algo e quando abre os olhos, cadê?
Sabe, eu ainda me lembro de quando nos conhecemos; já faz tempo, eu sei;e sinto como se nada mais fosse daquela forma. Como se nós, os nossos amigos, nossas vidas e pensamentos e medos e vontades e gostos não fossem mais os mesmos, ao mesmo tempo em que são um só. Não sei explicar de onde vem ou quando comecei a me sentir assim, mas, hoje, quando penso nisso, sinto pingar a primeira gota. Temo que essa gota preceda uma enxurrada, que não pare nunca nunca nunca mais se sangrar. Se acontecer, a gente morre e eu acabo morrendo também.