domingo, 25 de julho de 2010

É difícil começar uma história pelo fim. Mas e quando o fim é exatamente o início da história? Foi no fim que tudo começou.
Os últimos dias passavam como anos. As horas arrastavam-se. Os minutos transformavam-se em horas, e depois os segundos, e depois cada instantezinho. Aquele não passar de horas a deixava angustiada. Viveu os dias buscando o que fazer, inventando o que sentir, ou simplesmente não fazendo nada e sentindo tudo. Fazendo tudo e não sentindo nada. Qualquer uma das formas quando lhe fossem necessárias. Quem sabe as duas.
Passou a acordar mais tarde. As horas de sono, ou talvez as horas na cama antes de dormir tornaram-se suas favoritas. Naqueles momentos podia pensar sem que a incomodassem. E como precisava pensar. Elaborava os planos mais mirabolantes, planejava seus dias, os próximos anos... como seria a sua vida dali pra frente. Dali para frente preferencialmente esquecendo a parte que compunha o “dali”.. Gostaria de lembrar-se da confusão dos últimos dias apenas como ponta pé inicial não sabia ainda para o que. Era certo que seria para algo.

sábado, 24 de julho de 2010

Era incrível como agora as coisas podiam fazer algum sentido. Meses atrás não dera importância as páginas daquele livro. Não ouvira a música antes de enviar. Hoje tudo podia fazer completo e perfeito sentido. E era perfeito. E era um inferno. De fato, as coisas levavam-na a acreditar nisso. Talvez tudo estivesse a caminhar, talvez ela estivesse louca.
As coisas aconteciam e nada acontecia. Ainda assim, passavam por ela e, sem poder acreditar, acreditava no que via. Talvez não visse nada, talvez fosse tudo o que precisava para seguir em frente. Ela nunca saberia.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Camaradinha lá de Itapoeiro do Norte olhou o céu e encontrou a lua. Lembrou de quem o esperava mas não pôde vê-la. Incrível como as nuvens estavam a prejudicá-lo aquela noite. Mais incrível ainda como a havia esquecido. Olhara o céu por outras noites e nada via. Haveria a lua fugido com tua menina tendo as nuvens como comparsa? Ou foi ele quem não podê percebê-la?
De certo naquele instante fazia planos para buscá-la. Luizinho possuía um daqueles que poderia chegar ao céu.
Ainda naquela noite ficaria a observá-la, caso as nuvens dessem trégua encontraria o seu olhar.
O camarada cochilou, acordou aos pulos. Será que perdera algo?
Segundo seguinte passou-lhe aos olhos como mágica o que sonhara. Não era um brilho como os outros. Brilho de estrela, nada disso. Era de menina.
Sabia que estava lá, tinha certeza! Recordava e lhe sucediam pensamentos do feitiço que lhe empuseram.
O feitiço - de fato ele - o distraiu e por isso não foi buscá-la. Agora iria, tinha até planos.
Ficou a olhar desde que o brilho sumira. Missão difícil distigui-lo dentre tantos outros brilhos que insistiam em enganá-lo. Seria um novo feitiço? Ou ainda era ele quem não notara? Sera que ela estava ali?
De tantos brilhos iguais um lhe parecera diferente. Sorriu sem certeza.
Não era ela, mas brilhava. Brilhava quase como ela, tanto quanto ela. E podia lhe ver.
Era estrela e não menina, mas enquanto a olhava, lá estava todas as noites a lhe olhar. E isso bastava.

sábado, 17 de julho de 2010

poesia

Veneno em noites quentes
Da brisa fria em faces vis
Adormece o coração latente
Nos sonhos, hoje, não mais gentis

Luziu o dia ao amanhacer
claridade dúbia e seu ardor
No coração luz sem amor
Não mais queimou e pôs-se a sofrer

Se ilumunina sem queimar
Pôde a escuridão calor provocar
Se o frio por fim queimou
tirou-me a luz que o provocou

Se nada vejo, sinto calor
Dos olhos fogem o que temi
os abro hoje, mitigo a dor
Nada mais frio ou indolor

sexta-feira, 9 de julho de 2010

sempre estar lá

Voltei e tocava "O Astronauta de Mármore no rádio". Lembrei, sem querer, do tempo em que essa música podia descrever perfeitamente o que se passava dentro de mim. Tempo dos quais mal posso me lembrar; mais ainda, aqueles tempos se tornaram um grande parêntese, e as lembranças - poucas, distocidas, fragmentas - parecem parte de uma outra vida, de um outro alguém. Não guardo fotos, as capas de caderno estão no lixo e tento esconder as marcas. Do (pouco) que me restou, cicatrizes maiores e mais profundas do que as que impressionam; histórias de bar em bar, trazidas com toques de comédia que lhes permitem serem contadas; algumas noites, talvez, em que a loucura revive possibilidades que, eu sei, não ousaria desejar.
De tudo o que eu escrevi, precisei reescrever.

"Desculpe, estranho.
Eu voltei mais puro do céu."