quinta-feira, 14 de julho de 2011

Esse é antiiigo!

Um dia eu vou sorrir pra você e te abraçar. Aí você vai sentir a verdade em tudo o que eu te disse. Nesse dia eu vou estar indo embora. Nesse dia o tempo já vai ter desbotado as verdades e elas serão quase mentiras. Quase. Estarão naquele ponto em que, sendo um pouco de tudo, não são mais nada.
Aí você vai lembrar do dia em que eram limpinhas; aquele dia em que eu as dediquei a você; o mesmo dia em você me virou as costas.
Sabe, apesar de tudo, eu sempre estive bem a sua frente. Eu nunca me virei.
E, apesar de tudo também, não esperava isso de você.
Nunca consegui perdoar o dia em que agiu assim. Depois dali, todas as vezes em que voltou,eu só pude vê-la de costas. Eu nunca mais vi o seu sorriso, nem o brilho do seu olhar.
Depois daquele dia, as verdades se pareceram cada vez mais com mentiras. Hoje eu nem sei mais o que são.

sábado, 30 de outubro de 2010

Não fosse pelo medo, talvez pudesse falar das vontades, mas, ali, elas não existiam. O medo havia tomado cada espaço - até então ansioso pelas sensações que viriam com os novos vidas. Tudo ali era medo, de uma forma que, refletido em seus olhos, era o que podia ver. Dos gestos restaram os possíveis porquês; dos beijos, os fins; das ausências, o lado mais cruel e daquilo que se fazia presente, o pensamento aflito sobre cada gesto, beijo e ausência.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O texto que eu escrevi no meu blog com a Paula há um tempão atrás:

"Errei pela primeira vez quando me pediu a palavra amor, e eu neguei. Mentindo e blefando no jogo de não conceder poderes excessivos, quando o único jogo acertado seria não jogar: neguei e errei. Todo atento para não errar, errava cada vez mais."

O que vejo aflorar agora ainda não pude explicar. Se um dia o farei não me atrevo a dizer assim como quem finge domar sentimentos que não lhe pertencem - eu não, por não serem meus e nem ao menos seus.
Eu os escolhi e se agora me atormentam não poderia tentar domá-los. Tentativa ilusória e infantil a que vos falo.
Deixarei que transponham meus limites e se mostrem em cada gesto - o coração esmagado no peito salta aos olhos, tira os sentidos das mãos.
E que vai doer eu sei e não corro. Correria por cada estrada em mim construída junto aos passos que dei contigo. Correria destruindo-a e jogando os cacos sobre você. Não haveria mais chuva ou sol em nossa estrada. E ela não seria mais de ninguém.
Não o farei.
Estarei decidida e coberta de certezas pelo que nem sei.
Estarei aqui e ela não mais estará.
À nossa estrada, apenas e na verdade, novos passos.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

É uma falta que não acaba nunca, eu sei, parece clichê, mas é assim que as coisas são. Tem doído bastante não sentir aqueles gostos, aquele calor, não ouvir aquelas vozes e poder sorrir daquela forma - a vida mudou e tem sido difícil me reiventar. O tempo me tirou a mágia e ainda não pude encontrar nada com o que preencher tantos vazios. Cada espaço que encontro, novo, a cada dia, grita e dói como se precisasse, logo, estar completo. Eu busco a cada manhã, a cada noite, a cada copo, cigarro, sonho, mentira, completar esses vazios com qualquer coisa que possa calá-los. Qualquer presença que possa, ao menos, disfarçar o quanto doem.
O que sei, hoje, é que sempre voltam a doer.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Você passa tanto tanto tempo construindo algo e quando abre os olhos, cadê?
Sabe, eu ainda me lembro de quando nos conhecemos; já faz tempo, eu sei;e sinto como se nada mais fosse daquela forma. Como se nós, os nossos amigos, nossas vidas e pensamentos e medos e vontades e gostos não fossem mais os mesmos, ao mesmo tempo em que são um só. Não sei explicar de onde vem ou quando comecei a me sentir assim, mas, hoje, quando penso nisso, sinto pingar a primeira gota. Temo que essa gota preceda uma enxurrada, que não pare nunca nunca nunca mais se sangrar. Se acontecer, a gente morre e eu acabo morrendo também.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Eram duas paisagens , contornos que se confundiam e marcavam suas diferenças. Eram, embora tão distintos, quase iguais. Passei tanto tempo a observá-los e mesmo sabendo que eram dois, sentia apenas um, sem início ou fim. Suas cores invadiam meus olhos e transformavam-se em uma só cor.
Algum tempo depois, de alguma forma que eu não sei dizer, não havia mais paisagem, não havia mais cor. Eu estava em qualquer lugar que não ali, podia ver todas as cores que não aquelas. Eu via você, que estava tão perto, de uma forma que, talvez, nunca estivera, de uma forma que nunca vai estar.
Havia o seu sorriso em cores que eu não conhecia. Suas mãos em toques que eu não sentia. Eu não estava ali, mas estava contigo e era sempre assim.
Cores e paisagens se reconstituiam frente aos meus olhos. Duas paisagens, agora perfeitamente distinguíveis. E eu, eu estava só.

domingo, 15 de agosto de 2010

Tenho tido umas tristezas tão tristes. Elas chegam e quando percebo já tomaram conta de cada espaçozinho em mim, já me tiraram as vontades e eu fico aqui. Passo os dias sem sair da cama vivendo um mundo que não é o meu, que eu nem sei se realmente existe. As vezes tenho a sensação que eu vou ficar assim pra sempre, que passarão um, dois, vinte anos... e essas tristezas continuarão chegando e indo.. e, de alguma forma, sempre ficando. Alguma coisa sempre fica quando a tristeza vai. Eu não sei dizer o que é, mas é como se ela fosse... e eu ficasse um pouquinho mais triste. Como se cada tristezazinha que vem deixasse um pouco de si em mim. Como se eu fosse cada vez mais tristeza. Como se a tristeza roubasse um pedacinho de mim para preencher com um pedacinho dela, um pedacinho que nunca vai.
Acho que é uma forma de sempre saber de mim, uma forma de não me deixar aqui completamente sozinha ou de não me deixar esquecê-la, porque até pra ela deve ser duro ir embora. Eu não sei.. só tenho medo de um dia acordar e não me ver. De olhar no espelho e só haver tristeza, uma tristeza sem fim... com pedacinhos de todas as tristezinhas que ficaram. Nesse dia, aonde eu vou estar?